quarta-feira, 30 de julho de 2014

Máximo divisor comum e números primos entre si.

Consideremos os números 28 e 42.
  • Os divisores de 28 são 1, 2, 4, 7, 14, 28.
  • Os divisores de 42 são 1, 2, 3, 6, 7, 14, 21, 42.
Desta forma, os divisores comuns entre 28 e 42 são 1, 2, 7, 14. O que significa que $m.d.c.(28, 42)=14$.
Nota: Para calcular o $m.d.c. (28, 42)$ também podíamos recorrer ao Algoritmo de Euclides.
Dividamos agora cada um dos números por $14$ ($m.d.c.$):
$$\frac{28}{14}=\frac{2\times14}{14}=2 \text{ porque } 28=2\times 14$$
$$\frac{42}{14}=\frac{3\times14}{14}=3 \text{ porque } 42=3\times 14.$$

Como $2$ e $3$ são números primos, o único divisor comum aos dois é $1$. O que significa que $m.d.c.(2,3)=1$. Logo, $2$ e $3$ são primos entres si.

Mas será que dividindo dois números pelo seu máximo divisor comum obtemos sempre dois números primos entre si?

Antes de respondermos a esta questão, olhemos para o exemplo acima. Tal como verificamos, os divisores comuns a $28$ e $42$ são $1$, $2$, $7$, e $14$. No entanto, ao dividirmos $28$ e $42$ por $14$ $(m.d.c(28, 42))$, porque $14=2\times7$, estamos a impedir que $\frac{28}{2 \times 7}$ e $\frac{42}{2 \times 7}$ sejam, simultaneamente, divisíveis por $2$, por $7$ e por $14$.
Note-se que, como $\frac{28}{14}=\color{red}{2}$ e $\frac{42}{14}=\color{blue}{3}$:
  • $\color{red}{2}$ é divisível por $2$, mas $\color{blue}{3}$ não é divisível por $2$.
  • $\color{red}{2}$ não é divisível por $7$ e $\color{blue}{3}$ não é divisível por $7$.
  • $\color{red}{2}$ não é divisível por $14$ e $\color{blue}{3}$ não é divisível por $14$.
Assim, o único divisor comum entre $\frac{28}{m.d.c(28, 42)}$ e $\frac{42}{m.d.c.(28, 42)}$ é $1$, o que significa que o máximo divisor comum entre $\frac{28}{m.d.c.(28, 42)}$ e $\frac{42}{m.d.c(28, 42)}$ é $1$.

Logo, $\frac{28}{m.d.c(28, 42)}$ e $\frac{42}{m.d.c(28, 42)}$, são primos entre si.

Resultado: Sejam $a$ e $b$ números naturais quaisquer, $\frac{a}{m.d.c.(a, b)}$ e $\frac{b}{m.d.c.(a, b)}$ são primos entre si.

sábado, 26 de julho de 2014

Há uma infinidade de números primos (intuição) - 2

Comecemos por considerar uma lista com os dois primeiros números primos: o 2 e o 3. Consideremos o número que é formado pela soma da multiplicação destes dois números primos com 1, ou seja, 2×3+1=7. Será este número primo? Sim, porque 7 só é divisível por ele próprio e por 1.

Adicionemos agora 7 à lista de primos. Ou seja, a nossa lista de primos é agora constituída pelos números 2, 3 e 7. De seguida, voltemos a pensar da mesma forma. Será 2×3×7+1=43 primo? Sim, porque 43 só é divisível por ele próprio e por 1.

Adicionemos 43 à lista de primos. Ou seja, a nossa lista de primos é agora constituída pelos números 2, 3, 7 e 43. De seguida, voltemos a pensar da mesma forma. Será 2×3×7×43+1=1807 primo? Ora bem, de facto, como sabemos que 1807 não é divisível por nenhum número primo da nossa lista (porque se efectuarmos a divisão de 1807 por qualquer um dos números primos da nossa lista, obtemos sempre resto 1), só existem duas possibilidades, ou 1807 é primo, ou é um número composto divisível por um primo que está fora da nossa lista. No entanto, 1807 não é primo porque é divisível por 13, que é um número primo que não está na nossa lista. O que significa que encontramos um novo número primo que podemos acrescentar à nossa lista de primos. Desta forma, a nossa a lista passa a ser constituída pelos números, 2, 3, 7, 43 e 13 e podemos repetir o processo estudando se 2x3x7x43x13+1 é primo, e assim encontrar um novo primo para adicionar à nossa lista.

Como posso repetir este processo tantas vezes quantas eu queira, é muito fácil criar uma lista números primos tão grande quanto eu queira, e portanto, não podem existir um número finito de números primos.

Logo, há uma infinidade de números primos.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Há uma Infinidade de números primos (intuição)

Suponhamos que os únicos primos que existiam eram apenas dois: o $2$ e o $3$.

Consideremos o número que é formado pela soma da multiplicação destes dois  números primos com $1$, ou seja, $2\times 3+1=7$. Será este número primo? Sim, porque nem o $2$, nem o $3$, dividem $7$ já que após efectuarmos a divisão de $7$ por qualquer um destes primos obtemos sempre resto $1$, e não $0$.

Adicionemos agora $7$ à lista de primos. Ou seja, a nossa lista de primos é agora constituída pelos números $2$, $3$ e $7$. De seguida, voltemos a pensar da mesma forma. Será $2 \times 3 \times 7+1=43$ primo? Sim, porque $43$ não é divisível por nenhum dos primos da nossa lista. Ao efectuarmos a divisão, obtemos sempre resto $1$.

Adicionemos $43$ à lista de primos. Ou seja, a nossa lista de primos é agora constituída pelos números $2$, $3$, $7$ e  $43$. De seguida, voltemos a pensar da mesma forma. Será $2 \times 3 \times 7\times 43+1=1807$ primo? Sim, porque $1807$ não é divisível por nenhum dos primos da nossa lista. Ao efectuarmos a divisão, obtemos sempre resto $1$.

Como posso repetir este processo tantas vezes quanto eu queira é muito fácil criar uma lista infinita de números primos, e portanto, não podem existir um número finito de números primos.

Conclusão: Há uma infinidade de números primos.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Algoritmo de Euclides (descrição detalhada)

O Algoritmo de Euclides consiste num conjunto de procedimento que permitem de uma forma simples e eficaz de calcular o máximo divisor comum entre dois números naturais, recorrendo ao algoritmo da divisão.

Intuição: Após a aplicação do algoritmo da divisão de dois números naturais, qualquer número que divida o Dividendo ($D$) e o divisor ($d$) também divide o resto ($r$).

Exemplo: Após efectuarmos a divisão de $26$ por $10$ concluímos que $26=10\times 2+6$. Ou seja, neste caso:
  • $D=16$
  • $d=10$
  • $r=6$. 
Como, $1$, $2$, $13$, $26$ dividem $26$ ($D$), e $1$, $2$, $5$, $10$ dividem $10$ ($d$), os divisores comuns a $26$ e $10$ são $1$ e $2$. Mas como facilmente podemos observar, todos os divisores comuns a $26$ e $10$ são também divisores de $6$ ($r$).

Nota: Contudo, o inverso nem sempre é verdade. No exemplo anterior, podemos constatar que $3$ divide $6$ ($r$), e $3$ não divide $10$ ($d$) nem $26$ ($D$).

Mais geralmente, qualquer divisor comum a $D$ e $d$, é divisor comum a $D$, $d$ e $r$, e em particular, é divisor comum apenas de $d$ e $r$.

E é neste último princípio que se baseia o algoritmo de Euclides.

Dados dois números naturais, um maior do que o outro:
  1. Aplicamos o algoritmo da divisão considerando $D$ o maior e $d$ o menor para obter $r$.
  2. Como os divisores comuns a $D$ e $d$ são os mesmos de $d$ e $r$, voltamos a efectuar o primeiro passo, mas agora aplicando o algoritmo da divisão a $d$ e $r$.
  3. Repetimos o passo 2  sucessivamente até obtermos resto 0. Quando isso acontecer, o máximo divisor comum que procuramos é exactamente o último número que consideramos para $d$.
Exemplo: Para ilustrar o que vem sendo referido, calculemos o máximo divisor comum entre $40$ e $30$.

Aplicando o algoritmo da divisão concluímos que $$40=30\times1+10.$$
De seguida, por forma continuarmos o procedimento descrito pelo algoritmo de Euclides, como não obtivemos resto 0, aplicamos ao algoritmo da divisão, mas desta vez, a 30 e 10 concluindo que $$30=10\times 3+\underline{0}.$$ 
Como obtivemos resto $0$ o processo está terminado porque, pelo procedimento que utilizamos, os divisores comuns entre $40$ e $30$, são divisores comuns entre $30$ e $10$, que por sua vez são divisores comuns entre $10$ e $0$. Ora, como qualquer número divide $0$, os divisores comuns entre $40$ e $30$ vão ser, na prática, apenas de os divisores de $10$, que são $1$,$2$,$5$,e $10$. O que significa que o máximo divisor comum entre $40$ e $30$ é $10$ (o último número que consideramos para $d$ na aplicação do algoritmo). Ou seja, em linguagem matemática $m.d.c.(40,30)=10$.

Também pode ver uma ilustração geométrica do algoritmo de Euclides nesta publicação.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Critério de divisibilidade por 9

Nesta publicação vou tentar explorar o critério de divisibilidade por $9$ verificando se $234$ é divisível por $9$ recorrendo a uma possível interpretação geométrica deste critério.

Primeiramente, comecemos por notar que
$$234=200+30+4.$$
O que significa que as $234$ unidade podem corresponder a $234$ quadrículas distribuídas como ilustra a figura abaixo:



Assim, fazendo corresponder a cor das quadrículas à cor com que aparecem escritas na igualdade abaixo, obtemos o seguinte:
$$234=200+30+4=(\color{blue}{9\times2\times11}+\color{red}{2})+(\color{blue}{9\times3}+\color{red}{3})+\color{red}{4}.$$
Ou seja,
$$234=\color{blue}{9\times2\times11}+\color{blue}{9\times3}+\color{red}{2}+\color{red}{3}+\color{red}{4}.$$Ora, como as parcelas a azul são divisíveis por $9$, então $234$ será divisível por $9$ se $\color{red}{2}+\color{red}{3}+\color{red}{4}$ for divisível por $9$. Isto é, se a soma dos algarismo que compõe o número $234$ for divisível por $9$.

Desta forma, como $\color{red}{2}+\color{red}{3}+\color{red}{4}=9$, e $9$ divisível por $9$, podemos concluir que $\underline{234 \text{ é divisível por } 9}$.

Critério: Um número $N$ é divisível por $9$ se e apenas se a soma dos algarismos que o compõe for divisível por $9$.




quarta-feira, 16 de julho de 2014

Algoritmo de Euclides

Recorrendo ao Algoritmo de Euclides, calcula o máximo divisor comum entre 24 e 10.

Resolução:

Utilizando o algoritmo da divisão inteira repetidamente facilmente podemos concluir que:




Logo, o máximo divisor comum entre  $24$ e $10$ é $2$.

Critério de divisibilidade por 4 - Critério 2

Na publicação anterior explorei critério 1 de divisibilidade por 4, onde concluímos que:

Critério 1: Um número $N$ é divisível por $4$ se e apenas se o número formado pelos dois últimos algarismos de for divisível por $4$.

Ou seja, um número ser divisível por $4$ depende apenas de o número formado pelos dois últimos algarismos o ser.
Neste aspecto, o critério $2$ não é diferente e apenas nos descreve uma forma diferente de analisar se o número formado pelos dois últimos algarismos é divisível por $4$.

Então consideremos o número $732$. Será múltiplo de $4$? Como já sabemos, $732$ será múltiplo de $4$ se $32$ o for. No entanto, para este caso, facilmente concluímos que $32$ é múltiplo de $4$ porque $32=4\times8$. Logo, 732 também é múltiplo de 4.

Mas verifiquemos se o $32$ é múltiplo de $4$ observando o caso de outro ângulo.

Como sabemos, $32=30+2=3\times10+2$ isto significa que podemos pensar em 32 unidades distribuídas por $3$ rectângulos de $10$ quadriculas e um rectângulo mais pequeno com apenas duas quadrículas, tal como ilustra a figura abaixo:


Assim, tentando dividir as $32$ quadrículas em rectângulos mais pequenos de $4$ quadrículas, o que obtemos é, por exemplo, o seguinte:

O que significa que, o número $32$ pode ser reescrito como
$$32=4\times 6+ 2\times3+2.$$

Desta forma, para que $32$ seja múltiplo de $4$ basta verificar se a soma do dobro de $3$ (algarismo das dezenas) com $2$ (algarismo das unidades) é múltiplo de $4$. Assim, como $2\times3+2=8$ e $8$ é múltiplo de 4, então 32 é múltiplo de 4. Logo, $732$ também é múltiplo de $4$, assim como por exemplo, $1032$, $7032$, $1232$, $332$, $22222232$, etc.

Critério 2: Um número $N$ é divisível por $4$ se e apenas se o dobro do valor do algarismo das dezenas adicionado ao valor do algarismo das unidades for divisível por $4$.


terça-feira, 15 de julho de 2014

Critério de divisibilidade por 4 - Critério 1

Ao longo desta publicação vou explorar um dos critérios de divisibilidade por $4$.

Comecemos por explorar o caso em que os algarismos das dezenas e das unidades são simultaneamente zero.

Por exemplo, $100$ é divisível por $4$? Sim, porque $100=4\times25+0$. O que intuitivamente poderá significar que podemos dividir um quadrado constituído por $100$ quadrículas ($10$ quadrículas de lado), em $25$ quadrados mais pequenos de $4$ quadrículas, sem que reste qualquer quadrícula, como por exemplo, mostra a figura abaixo:


E $200$ é divisível por $4$? Sim, porque $200= 2\times100$ e porque se pensarmos em duzentas quadrículas repartidas por $2$ quadrados de $100$ quadrículas cada um, como mostra a figura abaixo, facilmente concluímos que, como que $100$ é divisível por $4$, $200$, também o será. Basta observar que conseguimos dividir as $200$ quadrículas, de forma semelhante ao que foi efectuado no exemplo anterior, em $50$ quadrados mais pequenos de 4 quadrículas cada um, sem que reste nenhuma quadrícula. Ou seja, $200=4\times 50+0$.


E $500$, será divisível por $4$? Sim, porque se $500=5 \times 100$ para justificarmos que $500$ é múltiplo de $4$ podemos utilizar um raciocínio semelhante ao caso anterior, utilizando $5$ quadrados de $100$ quadrículas para concluir que $500=4\times125$.
Ou então podemos efectuar simplesmente, $500=5\times100=5\times4\times25$, porque $100=4\times 25$. Ou seja, $500=4\times (5\times 25)=4\times125$.

E $3000$ é múltiplo de $4$? Claro que sim, porque $3000=30 \times 100$, o que significa que através raciocínios semelhantes aos efectuados anteriormente podemos concluir que $3000=4\times 750$.
Ou então também podemos efectuar simplesmente, $3000=30 \times100=30\times4\times25$, porque $100=4\times 25$. Ou seja, $3000=4 \times (30\times 25)=4\times750$.

Regra: Sempre que um número tenha o algarismo das dezenas e o algarismo das unidades iguais a $0$, o número é divisível por $4$.

A partir daqui, vou-me concentrar em estender a análise a casos em que o algarismos das dezenas e das unidades não são simultaneamente zero.

$216$ será múltiplo de $4$?
Primeiro, observemos que  $216=200+16$. Como já verificamos, $200$ é múltiplo de $4$, $216$ será múltiplo de $4$ se $16$ o for. Mas como $16=4\times 4$, 16 é múltiplo de 4, e então $216$, também o é.

$5077$, será múltiplo de $4$?
Primeiro, observemos que $5077=5000+77$. Como $5000$ é múltiplo de $4$ (porque os algarismos das dezenas e das unidade são simultaneamente zero), $5077$ será múltiplo de $4$ se $77$ o for. No entanto, $77=4\times19+1$. Logo, $77$ não é múltiplo de $4$, o que significa que $5077$ também não o é.

Critério: Um número $N$ é divisível por $4$ se e apenas se o número formado pelos dois últimos algarismos de for divisível por $4$.